Não existem “os melhores” autores de economia para serem lidos. Cada um é bom em sua competência ou especialidade. Um economista pode ser bom ao falar do funcionamento dos mercados e, ao mesmo tempo, ser mediano ao falar de comércio internacional, por exemplo.
Por conta disso, vou montar uma lista baseada nos campos de estudo mais pesquisados sobre economia: funcionamento de mercados, comércio internacional, economia brasileira e microeconomia.
Todos os autores abaixo são estudados nas grades dos cursos de Economia em universidades de todo o Brasil. Ao contrário do que muitos imaginam, a ciência econômica é um campo de estudo bem abrangente com diversas áreas de estudo.
Funcionamento de mercados
Se você quer compreender o funcionamento geral dos mercados, isto é, como funcionam preços, estágios econômicos, juros, bancos, moeda e políticas econômicas, a leitura das obras de Ludwig Von Mises é essencial para compreender fenômenos mercadológicos e humanos.
Sua visão é mais alinhada com o liberalismo econômico, na qual o governo deve buscar o mínimo de interferência sobre a dinâmica do mercado. Os livros essenciais de Mises são: Intervencionismo, As Seis Lições e Ação Humana.
Entretanto, nem todos concordam com uma visão mais liberal sobre a economia. Alguns economistas acreditam que o governo deve ter um papel fundamental na dinâmica do mercado, direcionando-o e evitando choques econômicos, como desemprego e recessão.
Portanto, ler a Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda, de Keynes pode fornecer uma boa base teórica para quem acredita que o governo deva exercer maior influência sobre a economia.
Dois economistas essenciais que também escrevem muito bem sobre mercado: Joseph Schumpeter, Milton Friedman e F.A Hayek.
Comércio internacional
Abrir a economia gera riqueza para a população local ou desemprego por causa do aumento da concorrência? Essa é uma questão que gera um debate interminável entre economistas, políticos e estudantes.
Há quem defenda que a abertura do mercado interno para a concorrência estrangeira promova produtos mais baratos, enriquecendo a população. Foi o que o Brasil viveu nos anos 90, com a apreciação da nossa moeda e diminuição de tarifas.
Por outro lado, uma abertura da economia poderia destruir as indústrias nacionais e acabar com o emprego de milhões de pessoas, diminuindo a renda do país no geral. Por isso, defendem maior fechamento da economia contra produtos estrangeiros por meio de tarifas.
Um exemplo desse movimento é o governo de Donald Trump nos Estados Unidos. Trump é contra a excessiva abertura da economia para produtos chineses e impõe tarifas sobre eles. Essa é uma forma de proteger a economia local.
Paul Krugman, David Ricardo, Paul Samuelson e Adam Smith são autores que podem responder adequadamente a esses questionamentos. O modelo matemático Heckscher-Ohlin, dos economistas Eli Heckscher e Bertil Ohlin também auxilia o entendimento do comércio internacional em uma compreensão prática e intuitiva.
Economia brasileira
A formação da economia brasileira tem material de estudo para décadas. Nossa economia desafiou acadêmicos ao redor do mundo com a hiperinflação dos anos 80 e 90. Também é possível ver teorias econômicas sendo colocadas em prática em diferentes décadas.
Nada melhor para estudar economia brasileira do que ler autores brasileiros. Celso Furtado, Mário Henrique Simonsen, Roberto Campos e Gustavo Franco são capazes de fornecer um denso debate e aparato teórico.
Celso Furtado se concentra em explicar a formação da economia brasileira desde o Brasil imperial. Mário Henrique Simonsen estuda a inflação e também aborda sobre crescimento econômico.
Gustavo Franco oferece um excelente material sobre a história da moeda brasileira em seu livro “A moeda e a lei”. Roberto Campos foi um dos grandes autores liberais no Brasil, polêmico e discordante do pensamento de Celso Furtado.
Microeconomia
A microeconomia se concentra em estudar, especificamente, o comportamento econômico individual de consumidores e empresas sob diferentes hipóteses. Esse ramo da economia utiliza modelos matemáticos como meio de alocar recursos escassos com eficiência.
Embora não seja muito atrativa para não-economistas, a Microeconomia oferece insights interessantes como A Teoria dos Jogos, Equilíbrio de Pareto, Equilíbrio de Nash, Hipótese do Mercado Eficiente e funcionamento de mercados de livre concorrência, oligopólios e monopólios.
Todos esses assuntos podem ser aplicados em investimentos, análises e gestão de risco. A leitura desse ramo da economia é mais acadêmica e deve ser feita com bastante concentração com uma base mínima de cálculo.
Recomendo o livro Microeconomia de Hal Varian, que reúne um apanhado de todas essas ideias, de forma resumida e fácil de ser compreendida. Grande parte dos economistas já mencionados nesse texto também fizeram contribuições importantes para essa área de estudo: Paul Krugman, Samuelson, Adam Smith, David Ricardo, Stigler e Simonsen.
Economia é muito complexa
Existem diversos campos de estudo da economia, mas é possível ter uma visão mais generalizada e entender o básico sobre funcionamento de preços, mercado, juros, moeda, concorrência e políticas econômicas.
Estudar cada assunto desses pode levar meses e anos. Eu, por exemplo, me interessei tanto pelo tema que decidi fazer o curso. A princípio havia me interessado em economia com intuito de aplicar em minhas análises de investimentos, mas gostei tanto que decidi me matricular no curso.
A economia nos ajuda a compreender fenômenos que não são tão intuitivos, ou dedutíveis à primeira vista. Além disso, o estudo pode fornecer um excelente aparato teórico para análises gerais, de forma a proteger seus investimentos. Ler os autores de economia essenciais pode te ajudar a compreender melhor o mundo.
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